Yay mais um post no blag, acharam que eu não aparecia mais?

Nessas férias vi na Campus Party algumas palestras interessantes e duas em especial me deixaram um cutuco bom pra blogar. Porém preguiça, joguinhos e o início das aulas prejudicaram em muito a minha produtividade blogativa.

A primeira das palestras foi a de Lawrence Lessig, idealizador dos Creative Commons, recomendadíssima (é possível usar o recurso de auto-legendas do youtube para ver a palestra pra quem não manja do inglês).

Entre os muitos pontos políticos e culturais levantados, Lawrence conseguiu demonstrar com seus slides frenéticos um panorâma da cultura na nossa época digital, bem como as inovações tecnológicas estão constantemente indo contra os interesses dos poderosos, AKA, pessoal com a grana. Com divertidos exemplos de mashups de video+música e de vídeos famosos do Youtube ele postulou, numa engenhosa analogia, dois modelos culturais o Read-Only(RO) e o Read-Write(RW).

O primeiro deles é uma cultura de consumidores baseada nas leis de copyright. Espera-se que o indivíduo compre as novidades e espere ansiosamente para continuar depositando o seu dinheirinho no conteúdo que lhe é apresentado, somos apenas potenciais leitores passivos de conteúdo criado pela indústria. O modelo Read-Write é algo que se assemelha mais ao que acontece atualmente, pois o indivíduo se vê como um consumidor e criador de cultura, para ele não há limites para o que se pode fazer e obter. A internet está, por exemplo, cheia de conteúdo gratuito criado por pessoas comuns e já é normal para nós valorizar isto de forma igual ou maior do que, por exemplo, a televisão.

Um momento chave da palestra me chamou a atenção. Lawrence argumenta que as leis de copyright e tentativas de restrição sobre o conteúdo trocado na internet não impedirão que a nossa geração continue a fazê-lo, porém irão criminalizar nossos atos. Estaremos constantemente fora da lei e isso é corrosivo.

A outra palestra interessante, foi sobre o tema de Civic Hacking, uma junção de buzzwords que, na minha opnião pode dar o que falar. Basicamente os palestrantes plantaram em nós a idéia de que podemos usar as novas tecnologias, mídias socias e o caralho a quatro como ferramentas políticas. Sim, senhor jovem programador, entusiasta de tecnologia, designer, web militante, blogueiro rebelde e etcetaras, eu estou olhando para vocês. É uma proposta muito simples (como toda boa proposta geralmente é) e poderosa que já está sendo experimentada por grupos em diferentes áreas geográficas e já deu resultados bacaninhas aqui no Brasil e no mundo. Sugiro pra quem tiver interesse em participar dar uma olhada neste link.

No final das contas temos que entender que a principal preocupação do governo é se manter no poder, e nem sempre, ou melhor, quase nunca isso envolve atender os interesses mais diretos da população. Porém com o crescimento desenfreado da troca de informações o indivíduo comum pode se despir de intermédios e interagir diretamente para escrever a sua opnião cultural e política. O foco do poder está se aproximando cada vez mais do cidadão e isso assusta os grandalhões, aproveitemos esta chance para escrever uma sociedade melhor (finalzinho bem meloso não? : )

BTW quem quiser pegar os vídeos de várias (quiçá todas) as palestras da Campus Party 2010… vou deixar isto aqui.