Ajude na tradução do funprogramming.org !

Há quase dois meses eu comecei um projeto ambicioso e difícil. Ele consiste em traduzir para português todo o conteúdo disponibilizado no site http://funprogramming.org, que tem ótimas video aulas sobre programação e a linguagem Processing. Isto inclui vídeos, descrições, pedaços de código e no futuro talvez até a documentação das ferramentas usadas (principalmente a referência da linguagem Processing).

Obviamente eu sabia que ia ser demorado, mas infelizmente as minhas atividades pessoais, de trabalho e do Matehackers tem ocupado grande parte do meu tempo e me deixado com vontade de jogar videogame no meu tempo livre. Por decorrência disso o projeto está meio parado com apenas alguns vídeos inicialmente traduzidos.

Então, qual o objetivo deste post? Eu desde o início documentei esse projeto com o intuito de que múltiplas pessoas pudessem me ajudar a fazer a tradução. Principalmente porque grande parte do esforço que é assisitir os vídeos, transcrever as legendas para inglês e sincronizá-las com o vídeo é basicamente 80% do trabalho que você precisa fazer para traduzir o vídeo para qualquer outra língua.

Como posso ajudar?

Siga esse link: http://matehackers.org/doku.php?id=traducao_do_material_do_funprogramming.org

Ali você encontra informações de como proceder. O processo é bem facilitado porque fazemos uso da maravilhosa plataforma Amara que tem um método muito rápido e fácil de adicionar legendas aos vídeos.

Todos seus amigos podem ajudar, inclusive os gringos!

Porque esse projeto é importante?

Assista algumas das video aulas disponíveis no site e tire suas conclusões. Eu adorei o ritmo dos vídeos e a metodologia de apresentar um exemplo simples de código e desenvolver com experimentação em cima dele. São vídeos bem no estilo do Kahn Academy e do melhor que temos em educação na web e são voltados para um público iniciante. Além disso, ensinar programação com o uso da linguagem Processing é muito interessante pois logo nas primeiras aulas já podem ser criados programas com resultados bonitos e impressionantes. Eu particularmente gostaria que crianças como o meu irmão de 11 anos pudessem usar isso como um recurso para começar a aprender a fazer desenhos, músicas e jogos no computador.

Concluindo

É isto, eu vou continuar lentamente a transcrever e traduzir alguns vídeos, mas se eu conseguir recrutar mais pessoas e contar com a ajuda de vocês a coisa fica fácil.

Gostaria de ver alguns exemplos do que pode ser feito com Processing? De uma olhada nesses links:

Mais projetos livres para vocês

Este é um post rápido para divulgar alguns projetos que eu estou adicionando no meu github, num caráter de ‘portfolio’.

Rails Photo Organizer | Código

Este projeto é uma prova de conceito para algo que eu já queria há algum tempo e não achava. Um aplicativo Rails para a catalogação de grandes coleções de fotos.

Já existem coisas parecidas como o Picasa, gThumb, Shotwell e provavelmente outros. Entretanto o meu objetivo era fazer algo que pudesse ser colocado num servidor e administrado, por exemplo, por um cara como eu para que a família inteira organizasse aquelas milhares de fotos digitais que vão ficando empilhadas, metaforicamente, dentro dos HDs.

A interface consiste basicamente em uma visualização das fotos e opções para adicionar tags, ou categorias, como você preferir chamar. Depois as fotos devidamente categorizadas podem ser consultadas pela interface web. Aqui vão algumas figuras demonstrando como ela é:

Galeria

Interface de fotos e categorização

Busca por categorias

Processing Visualizer | Código

O segundo projeto é aquele que eu falei àlguns posts atrás, um visualizador de dados musicais com a linguagem Processing. O código finalmente está no Github e com algumas correções e adições.

Eu preparei uma outra peça para esta minha música, mas eu ainda não consegui fazer a gravação devido a problemas de hardware. Meu laptop tá arregando quando o desenho fica muito complicado e não consegue manter a sincronização com a música, mas eu vou resolver isso logo que puser para rodar no meu computador de casa.

Enquanto isso fiquem com o video que eu já produzi e estas capturas de tela da nova peça :)

É isso, aproveitem o código e deixem comentários e sugestões nos comentários!

Tutoriais de Música Livre – Audacity

O Audacity é em muitos aspectos um dos meus programas favoritos no Linux (mas ele também tem versões ótimas para Mac e Windows), principalmente por ser aquele cara que sempre resolve a treta que tu tem nas mãos. Ele é um daqueles programas que podem fazer coisas incríveis e milagrosas a lá Photoshop, mas que também tem a simplicidade do bom e velho paint (que nojinho). Neste artigo eu vou mostrar como fazer algumas coisas simples como gravação, corte de áudio, remoção de ruído e aplicação de efeitos.

Instalação

Siga as instruções no site oficial e no caso de qualquer problema faça perguntas nos comentários.

Interface

A interface do Audacity é esta aqui:

Eu vou dar uma comentada rápida nela, você pode pular isso não estiver interessado.

Os botões de ‘Tocar’, ‘Pausar’, ‘Parar’ e ‘Gravar’ lá em cima são bem intuitivos (#1). Logo ao lado temos os “Modos do Cursor” (#2), como eu vou chamar, que é o que controla o que o seu cursor vai fazer quando clicar na onda. O caso de uso mais geral é o que vem por padrão que é apenas selecionar trechos de áudio ao clicar o mouse, as outras opções envolvem editar partes da onda e modificar seus valores, algo um pouco menos útil.

As barrinhas com (L, R) ao lado (#3) são os monitores de volume da entrada e da saída. Isto quer dizer que você verá elas se mexendo quando estiver gravando ou reproduzindo algo e é bom para se guiar enquanto estiver tentando deixar as configurações do jeito que você quer. Perto dessas barras você tem o ajuste de volume da entrada e saída (#4), e deve ser óbvio para que isso serve.

A próxima barra (#5) tem coisas como copiar/recortar/colar sessões do áudio, remover partes do áudio, introduzir silêncio, mudar o zoom, entre outras opções um pouco mais avançadas.

A maioria das funções nessas barras tem um atalho no teclado. As mais óbvias são o copiar/recortar (ctrl+c, ctrl+x), colar (ctrl+p) e também tocar (barra de espaço) e gravar (r).

A última parte importante de observar é a sessão onde ficam as faixas de áudio (#6) e algumas configurações ao lado de cada uma. Usando essa interface é possível silenciar faixas específicas (Mute), tocar elas sozinhas (Solo) e ajustar o volume e o balanço em faixas estéreo.

Gravando

Para gravar algo, apenas aperte o botão com a bolinha vermelho, ou o atalho ‘r’ e faça algum som no seu microfone.

Cada nova gravação vai sendo colocada em um nova pista e isto é legal para se organizar, mas se você quiser gravar algo na pista em que o cursor está atualmente você pode apertar shift+r ou mesmo segurar shift ao pressionar o botão de gravar.

Importando clipes de áudio

Importar clipes de áudio é tranquilo. ‘File->Import->Audio’ e escolha um arquivo no seu disco. A maioria dos formatos populares (quiçá todos) é suportada, então pode ficar tranquilo. Para uma maior compatibilidade de formatos você pode instalar o FFmpeg.

Cortando e removendo partes do áudio

Arrastando o mouse sobre partes do áudio você pode selecioná-lo. Apertando delete (ou ctrl+k) você pode apagar pedaços. No entanto isto nem sempre é o que você quer pois acaba por mover todo o áudio que vem depois (tente e veja o que estou dizendo). Para apagar pedaços do áudio sem mover todo o resto é possível usar a opção ‘Silence Audio’ que é um botão no menu ou o atalho ctrl+l.

Usando as opções de copiar e colar é possível também mover pedaços de áudio, duplicá-los, e etc… Neste quesito a interface é intuitiva, pelo menos para quem já está acostumado a usar um computador há algum tempo.

Aplicando efeitos

Agora as coisas ficam interessantes mesmo com o menu ‘Effect’. Você pode fazer desde coisas simples como amplificação, equalização, mudança de velocidade e tom, fade in/out, etc… até coisas mais complicadas como compressão dinâmica (usado para normalizar o volume de uma faixa), remoção de ruído ambiente, eco, reverberação e muitos outros que podem ser fornecidos por terceiros. Para ter um exemplo do número de plugins que é possível conseguir gratuitamente dê uma olhada nos que tenho aqui:

Eles são de código livre e foram instalados como pacotes no meu sistema operacional. Os formatos de plugin suportados podem ser vistos aqui e se você quer instalar alguns pode fazer (no Linux) uma busca no seu gerenciador de pacotes por ‘audio plugins’ ou alguns dos formatos citados na página do Audacity, como por exemplo ‘ladspa’.

Dito isto, para aplicar efeitos apenas selecione a pista e a área a qual você deseja que seja afetada, e escolha o efeito no menu. Quando o efeito tiver algo configurável, como por exemplo o volume de um plugin de amplificação, o Audacity vai lhe mostrar uma janela onde pode ser feita essa configuração.

Mixando e salvando

Depois de gravar algumas pistas e aplicar seus efeitos você pode selecionar todas as pistas (usando ctrl+a ou arrastando o mouse) e escolher a opção ‘Tracks->Mix and Render’ para unir todas em uma só pista.

Para salvar um arquivo como resultado você pode usar a opção ‘File->Export’. Caso queira exportar arquivos em formato MP3 dê uma olhada aqui para saber o que é preciso instalar.

Desfazer infinito

O Audacity é super seguro, no sentido de que ele tem a função ‘desfazer’ com passos infinitos. Isso quer dizer que enquanto você tiver espaço no seu disco ele vai te permitir voltar atrás nas mudanças que você fez, como por exemplo: deleção de trechos de áudio, aplicação de efeitos, movimentação de áudio, customização de parâmetros de uma pista. Isto quer dizer que é muito tranquilo ficar gravando e editando com ele por horas.

Vídeo-demonstrações

Eu mesmo pensei em gravar alguns vídeos demonstrando várias funções do Audacity, mas achei este canal legal no Youtube em que o cara já faz isto. Pontos para ele e recomendo!

Na próxima…

Eu irei demonstrar o Guitarix um simulador de amplificador valvulado no Linux. Se preparem para tirar um som esperto de suas guitarras! Além disso para fazer a ponte com este episódio, vamos usar o Audacity para gravar tudo :)

Continuem usando software livre e deixem comentários, sugestões e correções!

Visualização Musical com a linguagem Processing

Atualização: Código aqui

Um pequeno protótipo de uma coisa muito maior. Um sistema de partículas simples sendo usado para visualizar dados MIDI gerados em tempo real. Em breve mais exemplos e é claro, o código fonte.

Sintam o ritmo pessoal! A música em melhor qualidade pode ser ouvida abaixo:

Caso estejam afim de aprender a programar no ambiente Processing, que eu achei muito show de bola, não deixem de acessar : http://www.funprogramming.org/ . São centenas de aulas muito boas e com exemplos :D

É isso, nos vemos por aí leitores!

 

February 1, 2013

Comments Off on Tutoriais de Música Livre

Tutoriais de Música Livre

Música Livre

Dia 16/01 eu organizei no Matehackers a Oficina de Música Livre e apresentei para algumas pessoas alguns programas e técnicas que eu mesmo ando usando para produzir conteúdo sonoro no ambiente Linux. Eu já venho a algum tempo pensando em de alguma maneira apresentar estas ferramentas na forma de pequenos tutoriais e finalmente resolvi fazer isto enquanto documento o que foi apresentado na oficina.

Música Livre?

O nome da oficina é propositalmente estranho, porque afinal a música normalmente já é livre. Eu posso abrir a boca e cantar uma melodia, comprar um instrumento e aprender a tocar, ouvir uma canção e repoduzí-la eu mesmo, certo? Isso tudo é verdade, mas também é verdade que os consumidores, como somos vistos pela industria musical, cada vez mais querem se meter no papel de produtores e esse livre no título quer dizer livre para produzir as músicas que queremos.

A situação da Produção Musical no Linux

Então, supondo que queiramos produzir a nossa própria música, quão útil pode ser um sistema operacional livre? Bastante na realidade! A seleção de softwares é extensa e eles estão todos disponíveis gratuitamente e a um clique de distância usando um gerenciador de pacotes da sua distribuição favorita.

Quer alguns exemplos? Para gravação, corte e edição de áudio temos o excelente Audacity. O Audacity pode ser usado também com centenas de efeitos como ecos, filtros, simulações de equipamento analógico, entre outros ; que estão disponíveis na forma de plugins, facilmente obtidos nos repositórios da sua distribuição Linux.

Para trabalhar com MIDI e fazer sequenciamento de notas existe o Seq24, MuseScore, além do Hydrogen que é ótimo para escrever linhas de bateria e já vem com um grande conjunto de amostras sonoras para serem usadas. Para sintetizar sons para essas mensagens MIDI você pode usar o ZynAddSubFx, Yoshimi, QSynth, entre muitos outros…

Para os guitarristas temos o simulador de amplificador valvulado Guitarix, a pedaleira virtual de efeitos Rakarrak e o TuxGuitar para visualizar e editar arquivos de tablatura (funciona com todos os formatos mais populares).

Para soluções integradas de gravação, com suporte a gravação de áudio e MIDI em várias trilhas, aplicação de efeitos em tempo real e coisas assim temos diversas DAWs como o Ardour e o Qtractor (meu favorito no momento).

Todos estes programas podem ser usados em conjunto por meio do kit Jack, que age como uma espécie de mesa de virtual de mixagem, onde podemos enviar áudio e MIDI entre os diferentes aplicativos.

Começando a jornada

Feita esta introdução estarei fazendo uma série de posts sobre cada uma dessas ferramentas. O primeiro é um que eu escrevi há muito tempo voltado para o uso do Rakarrack para aplicar efeitos no som de guitarra e depois disso um bem detalhado sobre o Audacity!

Vejo vocês na próxima!

Retrospectiva WordPress de 2012

O WordPress, que é um queridão faz para os seus usuários uma retrospectiva dos posts mais visualizados no ano que passou. É bem legalzinha e como estou num momento de seca intelectual resolvi meter isto aqui :)

Retrospectiva aqui maninho :)!

Nos vemos neste 2013 :D

Ciências Humanas?

O súbtitulo desse blag quando eu o comecei era “filosofias, programação e matemática” e nessa época eu não estava tão voltado à informática, mas como ele surgiu de uma fusão do meu blog pessoal e um outro sobre programação, deu no que deu. Hoje eu não tenho mais certeza sobre o que tratam os assuntos que eu boto aqui… só sei que volta e meia alguma pessoa cai aqui e lê alguns artigos.

Entretanto quem curtia a parte de filosofias ou (ciências humanas? :P) ficou meio orfão, entre eles cito os meus amigos Vinícius e Pierre. Então resolvi colocar algumas coisas interessantes que tem capturado minha atenção durante os momentos de procrastinação da escrita do meu trabalho de conclusão.

Idea Channel

O Idea Channel posta vídeos divertidíssimos sobre assuntos interessantes. Pense nele como um programa do Ray William Johnson com menos vídeos de gatos,  menos vídeos de pessoas se machucando, menos piadinhas banais e mais conteúdo inteligente e wait for it… filosófico. É, na realidade não tem nada a ver com o RWJ.

Estou no processo de assistir vários destes vídeos no meu tempo livre e sugiro que você também o faça. Eu recomendo: Is Facebook Changing our Identity?, Are Bronies Changing The Definition of Masculinity?, Is Dubstep Avant Garde Musical Genius?, Are Youtube Videos Making You Smarter? (abaixo).

Recomendo também ver todos os vídeos linkados neste último :0

O estilo dos vídeos do Idea Channel é bem característico e as constantes referências a cultura pop mais underground como Arrested Development e Adventure Time (que nem é mais tão underground) deixam meu lado hipster feliz | (• ◡•)| (❍ᴥ❍ʋ) Yeeeeeeeeah !

Brain Pickings

A Brain Pickings é uma revista online que eu gostaria de ter mais tempo para ler, mas eles trazem tanto conteúdo que eu estou com a leitura atrasada no momento. Além disso eu gosto bastante do estilo e da edição, mesmo a publicação sendo, no final das contas, um amontoado de links, vídeos e excertos de livros, os comentários e o jeito como as coisas são postas junto dão aquela sensação que se tinha ao ler uma revista tradicional. Eu acho isto algo raro hoje, visto que é uma sensação bem diferente de ler um blog ou livro.

A seleção de assuntos também é bem agradável, puxando para o lado científico, mas com aquela visão mais artística e poética. Alguns dos tópicos legais que me chamaram a atenção nos últimos dias são: How Music Enchants the Brain, The Science of Procrastination, John Cleese on How To Be More Creative, entre outros :) Recomendo assinar a newsletter por email, como eu fiz, e ler eventualmente algumas edições.

No mais é isso, aguardem mais novidades aqui no blog e fiquem de olho no matehackers.org!

Matehackers abre as portas!

É com muita felicidade, alívio e expectativa que venho escrever no meu humilde bloginho que, finalmente, vai ser inaugurado o primeiro Hackerspace aqui de Porto Alegre, o Matehackers. Eu já dei uma blogadinha aqui sobre ele, eu já falei pros amigos e quem mais quisesse ouvir, além de nos últimos tempos ter gastado um tempo considerável tentando manter os interessados unidos na lista de emails. Agora finalmente este trabalho parece estar dando resultado e já em Novembro começa a funcionar o nosso espaço na Av. Independência, 330 Sala 206 dentro de um espaço de cooworking chamado Bunker360.

Minha sensação ao trazer as boas notícias :)

Atividades

Começando por Novembro, todos os membros do Matehackers podem usar a sala para seus projetos, sejam eles pessoais ou conjuntos com outros membros. Por questão de conveniência tentaremos fazer os eventos públicos durante os finais de semana, mas a expectativa é que a sala esteja aberta quase todos os dias. Para visitar o lugar será preciso entrar em contato com algum membro anteriormente. Para essas coisas existe a lista de emails e a sala de irc.

Nas próximas semanas o Matehackers estará organizando alguns cursos para o público em geral. Para fazer a pré-inscrição visitem este formulário.

Quer ser um membro!

Então entra na nossa lista de emails e manda um mensagem entitulada ‘Huuuuzzzzzaaaaaaaaah’! Ou melhor ainda, mande um email se apresentando e falando do seu interesse no Matehackers.

Inauguração

Dia 03/11, este sábado teremos uma confraternização de inauguração. Quem estiver interessado em ir deve se informar mais na, você adivinhou, lista de email… é lá que nos comunicamos :)

Soundcloud e etc…

Hey, hey, hey!

Eu ainda existo e pretendo postar muito mais nesse espaço. No momento estou bastante envolvido com o meu trabalho de conclusão da faculdade, embora esteja um tédio, e com a fundação do Matehackers.

Entretanto eu também ando procrastinando (se fosse ruim não se chamava pro-crastinação) bastante e brincando com várias tecnologias de áudio e gravação, principalmente no Linux. Em decorrência, faz algum tempo que abri uma conta no SoundCloud para colocar algumas dessas coisas que venho produzindo:

Espero no futuro escrever mais ainda sobre os resultados do meu trabalho de graduação, o Matehackers e produção musical no Linux, mas por enquanto este post é só para fazer um jabá do meu Soundcloud, porque algumas das coisas que estão ali eu me orgulho bastante. Dêem um ouvida no que tem aqui.

By the way eu atualizei a minha página pessoal, no sentido de deixar ela mais informativa e em inglês e tal. Adicionei uma sessão sobre os meus trabalhos acadêmicos, algo que eu já tinha prometido algum tempo atrás aqui no blog mesmo.

Sobre mim e sobre o Trote Universitário

Eae galera? Estou meio que “de férias”, só que não. Este texto é algo que eu considero meio pessoal, mas ao mesmo tempo gostaria que fosse uma afirmação para todos que estiverem interessados sobre conceitos como a hierarquia social, trote universitário, timidez e coisas assim.

O email

Ok, basicamente tudo começou por causa de um email mandado para a lista de graduação do Instituto de Informática da UFRGS. Pra quem não está familiarizado com o que é isto, é basicamente um fórum de mensagens que reúne todos os alunos dos cursos de Ciência da Computação (conhecidos como CiCs) e Engenharia da Computação (conhecidos como ECPs). O email é este, ênfase minha:

Algum cara escreve: Gurizada, confirmado CHURRASCO ECP NESSA SEXTA DIA 14/09, faça chuva ou faça sol, vai sair.

… informações sobre o evento em si removidas …

Lembrando aos bixos 2012/2 que apenas quem participou do trote sujo pode comparecer.

Vou chamar a atenção de vocês para aquela última frase ali. Eu achei o fato de alguns alunos serem explicitamente excluídos, no mínimo estranho e um outro colega CiC também. Este outro CiC mandou em resposta um email passivo-agressivo dizendo que achava aquilo bobagem e eu mandei outro em seguida concordando e aproveitando para dizer que eu acho o trote “uma merda”. Meu email foi bem curto, mas deliberadamente agressivo (embora não muito). Em tréplica à minha manifestação ocorreu uma discussão que se estendeu por mais algumas mensagens, mas não muitas, o que é meio atípico de discussões na lista da graduação que por vezes duram semanas.

Agora eu gostaria de explicar publicamente, com direito a réplica nos comentários, o porque da minha resposta.

Personalidade

Eu sou um cara extremamente anti-social. Eu sou um cara que não conseguiria começar uma conversação com um estranho mesmo que a minha vida dependesse disso. Quando eu estou em um ambiente cheio de pessoas desconhecidas eu me sinto hostilizado, frágil e sozinho. Nessas situações eu me sinto extremamente incapaz e a cada segundo que eu passo sozinho este sentimento piora. Eu me sinto enjoado e parece que todos no ambiente me odeiam, bem como eu odeio a todos.

Isso pode soar estranho e exagerado para as pessoas que me conhecem de longa data, porque na realidade eu gosto de pensar que tenho vários amigos e interações sociais saudáveis com estes e com o resto das pessoas. A verdade é que situações como a descrita acima não são tão comuns e geralmente depois de um período de adaptação eu fico de boa. São coisas como entrar em uma nova turma na escola, ir a uma festa/confraternização sem conhecer ninguém, primeiros dias na universidade, etc…

Perfil? Princípios?

Eu luto ativamente contra essa minha timidez e muitas vezes basta descobrir a mínima coisa em comum, trocar uma ou duas palavras com a pessoa para desencadear uma amizade e deixar toda esse merda para trás. Por estas e outras o meu estilo de vida é meio que construído em volta de “facilitadores” de interação social.

  1. Eu adoro computadores e faço parte de várias comunidades online, por causa da impessoalidade que eles permitem.
  2. Eu adoro jogos e atividades lúdicas, pois assim posso interagir com pessoas sem todas as outras preocupações associadas.
  3. Eu gosto de ativamente procurar preferências para música, arte, entre outros que não se encaixem no padrão “mainstream” na esperança (talvez infundada) de que as pessoas associadas a esses grupos sejam mais fáceis de se aproximar (talvez isso me faça um hipster).
  4. Eu tento evitar situações diretamente competitivas e que criem uma noção de hierarquia. Basicamente porque tenho medo de ser comparado com outros e ser julgado inferior.
  5. Paradoxalmente com o ponto anterior, eu tendo a subestimar minhas próprias habilidades (esse é basicamente um texto inteiro falando sobre eu ser um cara socialmente inapto). Talvez para tentar diminuir a barreira inicial para as outras pessoas interagirem comigo. Isso provavelmente não funciona e estou tentando ativamente mudar isso, mas é meio enraizado em mim.

Entretanto, no fim das contas a minha sorte é que o mundo está cheio de pessoas legais que me viram parado num canto e resolveram bater um papo, resolveram encontrar algo que nós tinhamos em comum, resolveram apostar naquele cara estranho antes que o cara estranho resolvesse ir embora.

O interessante é que entre outras coisas eu gosto de pensar que o meu perfil é um perfil bem comum na área de computação, provavelmente por causa do ponto 1 e logo eu vou postular que existem mais pessoas “socialmente difíceis” como eu no Instituto de Informática.

Trote

Enfim, assumindo que estas pessoas existam, eu falei toda essa baboseira para chegar no ponto principal: o meu email agressivo e as motivações por trás dele. Vamos assumir que o trote universitário seja um destes “facilitadores” sociais que eu mencionei anteriormente. Na realidade este é o ÚNICO argumento que os proponentes desta prática usam como justificativa e peço que me corrijam se eu estiver errado. É tudo para facilitar a integração certo? O trote que eu recebi não foi assim. Ele sim, quebrou alguns dos princípios nos quais eu baseio as minhas interações sociais e me fez sentir um lixo.

Primeiramente, o trote existe como uma “tradição” o que na minha mente já cria uma associação dos veteranos com o tipo de pessoa que não está afim de pensar e se desviar do comportamento “aceitável”, o tipo de pessoa que eu não consigo interagir facilmente e que provavelmente vai me julgar. Depois, o sentimento todo de hierarquia entre os veteranos e os bixos e as “brincadeirinhas” humilhantes não me ajudam nada a esquecer a ideia de que eu não pertenço àquele grupo e que eu sou odiado e provavelmente que eu odeio os veteranos também.

Por essas e outras eu não fui na segunda parte do trote, onde eu seria mais sujo e teria que beber e catar dinheiro no semáforo. Por muito tempo nunca conversei com nenhum veterano meu porque eu achava que eu não gostava deles. Mais tarde me aproximei de alguns quando fiz cadeiras junto com eles e – SURPRESA! – eles são pessoas introvertidas como eu, pessoas legais, pessoas que eu não odeio. Eles definitivamente NÃO são caras que gostam de humilhar os outros, de entoar hinos ao preconceito e agir como idiotas, entretanto é isto que o comportamento grupal do trote faz eles parecerem.

Em suma, eu acho que odeio a maioria dos meus veteranos, eu não conheço a maioria dos meus veteranos e a única integração que tive foi uma humilhação em comum com os meus colegas. Particularmente acredito que poderíamos fazer melhor, especialmente se pessoas que não gostarem dessa “integração” forem excluídas de eventos posteriores como é este caso particular do churrasco dos ECPs.

Outros caras que mais ou menos concordam com minha indignação sugeriram que se o problema fosse o dinheiro para o churrasco – que os bixos não-participantes do trote não arrecadaram – o churrasco poderia ser pago pelos não-participantes do trote. A réplica que mais capturou o “feeling” dos argumentos, na minha opinião, foi esta:

ECP A escreveu:
Pra constar novamente, alguns semestres atrás minha barra fez um churrasco que toda a ECP
pôde participar e, por consequência, se ‘integrar’. Vocês devem lembrar, chamamos até os professores.
Resultado: só os participantes do trote compareceram.

De fato, isto faz sentido e acho que ainda mais depois de toda essa parede de texto que eu escrevi. Nunca ocorreu integração de verdade, pelo menos não para aquelas pessoas que precisavam de integração. Não ocorreu para aquelas pessoas que não conseguem chegar na frente de alguém, dizer uma ou duas palavras e discutir sobre o jogo de ontém à noite como se fossem amigos de longa data. Estas agora começam o semestre se sentindo inferiores de alguma forma e por isso não podem ou não querem ir para o churrasco onde a integração poderia acontecer.

Tenham em mente…

Por fim, sei que tudo que eu escrevi parece exagerado e caricato, talvez até teatral. Entretanto eu acredito que cada ato nosso propaga uma mensagem para o grupo. A mensagem propagada, de forma bem insistente por esta prática idiota do trote é que não é legal ser introvertido, ter opiniões próprias e interagir no mesmo nível que seus superiores. Realmente poderíamos fazer melhor.

Isso é o que eu acho. A sessão de comentários é logo ali em baixo.

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